Nova Petrópolis/RS – A 9ª edição do Concred (Congresso Brasileiro do Cooperativismo de Crédito), a ocorrer em Nova Petrópolis/RS entre os dias 21 e 23 de Agosto/2012, contará com a palestra, na tarde do dia 23/08, do Sr. Ramón Imperial Zuñiga, Presidente da ACI Américas e também Diretor Geral da Caja Popular Mexicana, a 2ª maior cooperativa de crédito da América Latina. O Sr. Ramón falará sobre os desafios da gestão cooperativa, abordando os pilares econômico e social e a preocupação com a perpetuidade do empreendimento cooperativo.
Faça hoje mesmo sua inscrição e junte-se aos 1.000 congressistas que já confirmaram a presença (www.confebras.com.br/concred)
Saiba mais sobre o Sr. Ramón Imperial Zuñiga no link.
Ramon Imperial Zuñiga, Diretor Geral da Caja Popular Mexicana
Em 15/07/2011 o Diretor Geral da Caja Popular Mexicana, Sr. Ramón Imperinal Zuñiga, também Presidente da ACI Américas, esteve em Nova Petrópolis/RS onde proferiu uma palestra falando da CPM (Caja Popular Mexicana). Segue abaixo o resumo da palestra.
A Caja Popular Mexicana é a maior cooperativa de crédito da América Latina, resultado de uma série de fusões de cooperativas de crédito do México que não existía 20 anos atrás.
Atualmente a cooperativa possui 430 pontos de Atendimento, onde com seus 5.000 funcionários atendem seus 2 milhões de associados, administrando ativos de US$ 2 bilhões e empréstimos de US$ 1,6 bilhões.
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O Cooperativismo de Crédito no México
O modelo de cooperativas existente no México, e surgido em 1951, é conhecido como “Caja Popular” e tem o mesmo nome utilizado pelas Cooperativas de Crédito do Canadá visto o modelo mexicano ser inspirado no modelo canadense. Apesar de existirem instituições de crédito semelhantes anteriores a 1951 estas não utilizavam o nome de Cooperativas.
Na primeira década as Cajas Populares surgiram fomentadas pela Igreja Católica. Por muitos anos o trabalho realizado nas cooperativas era voluntário, não existindo funcionários. A primeira legislação para as Cajas Populares surgiu em 1991.
As Cajas Populares tem como objetivos:
promover e fomentar a cultura de poupança,
levar os serviços de poupança e crédito para toda a população, em especial aquela com menores condições,
combater os juros elevador
formar e educar pessoas cooperativistas, elevando seu nível de qualidade de vida.
Atualmente existem aproximadamente 350 cooperativas de crédito no México. Além delas existem outras 350 entidades chamadas “Cajas Solidarias”, e também “Asociaciones Civiles y Sociedades Rurales”, que trabalham de forma muito similar as cooperativas e que estão buscando sua conversão para Cooperativas de Crédito (Cajas Populares). Este é um número aproximado (700 entidades) visto que não existe uma entidade oficial que faça o registro oficial destas entidades.
O México conta atualmente com 5 milhões de pessoas associadas a cooperativas de crédito e considerando que a família média é formada por 4 pessoas, aproximadamente 20 milhões de mexicanos tem vínculo com uma cooperativa de crédito. Isto representa 18% da população do país que é de 112 milhões de habitantes. As 700 cooperativas, somadas, contam com 1.800 pontos de atendimento, localizadas principalmente onde não existem outras instituições financeiras. A visão principal é que o mais importante em uma cooperativa são as pessoas e não o patrimônio ou o dinheiro que estas tem.
No México as Cooperativas de Crédito são reconhecidas como instituições financeiras, porém sem finalidade de lucro. Apesar disto, as Cajas Populares não tem acesso à compensação, nem aos meios eletrônicos de pagamento. Com isto estas também não contam com movimentações pela internet. Recentemente as Cajas foram autorizadas a emitir cartões de débito e crédito.
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CAJA POPULAR MEXICANA – Sociedad Cooperativa de Ahorro y Préstamo
No ano de 1992 haviam no México 237 Cajas Populares e após um processo de análise do setor cooperativo, 138 destas cajas concordaram em iniciar um processo de integração (fusão) para formar uma única cooperativa. Esta decisão não foi tranqüila visto que cada cooperativa possuía uma identidade individual muito forte e que cada Conselho de Administração teve de analisar e concordar com este processo de fusão. Este movimento ocorreu após o surgimento em 1991 da primeira legislação para as Cajas Populares.
Em 1994 surgiu no México uma outra alternativa legal para a constituição de “Cooperativas de Ahorro y Crédito” e com isto 76 das 138 cooperativas que haviam aderido ao projeto inicial desistiram da fusão. Com isto, 62 cooperativas mantiveram-se firmes no intuito da fusão, surgindo assim, no período de 1994 a 1996, a Caja Popular Mexicana (CPM), a maior cooperativa de crédito da América Latina.
Este processo de fusão foi voluntário e simultâneo, com aprovação pelos associados em assembléia, após o qual foram unificados de uma só vez 13 diferentes sistemas informáticos, 23 planos contábeis, 62 conselhos de
Estados em que a Caja Popular Mexicana está presente
administração, fiscal e comitês de crédito, unificação da imagem (marca), unificação dos produtos e serviços e também dos processos.
Atualmente, 40% dos 430 pontos de atendimento estão localizados em áreas rurais, além de cidades pequenas e médias, com pouca presença em cidades grandes. A Caja Popular Mexicana está presente em 22 estados (faltam 7 estados) e em aproximadamente 215 municípios do México, sendo normalmente a única instituição financeira presente.
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Associados da CPM
Em 1996, após o processo de fusão a Caja Popular Mexicana contava com 211 mil associados, no ano 2000, com 488 mil associados, em 2005 com 938 mil associados e atualmente com 2 milhões de associados. Atualmente ingressam mensalmente na CPM entre 25 e 30 mil associados. Entre os associados cerca de 10% são crianças e jovens.
O valor médio de depósitos de cada associado é de US$ 750,00 e o valor médio de empréstimos é de US$ 1.400,00. Os empréstimos são em média 20% mais baixos que o mercado.
Dos associados da Caja Popular Mexicana, 54% são mulheres, 70% são casados, 27% são empregados, 22% são donas de casa e 15% são comerciantes. A idade média dos associados está entre 25 e 44 anos, totalizando 50% do total, sendo a maioria deles classificados nas classes “C” (47%) e “D” (também 47%).
Modelo Conceitual da Caja Popular Mexicana
Nos últimos anos foi dada uma grande atenção às boas práticas de governança, principalmente na segregação de atividades entre o Conselho de Administração e a Gestão Executiva. Esta questão tem uma importância fundamental na Caja Popular Mexicana, principalmente por ser constituída por 2 milhões de associados.
No modelo conceitual da CPM os pontos de atendimento tem grande importância na cooperativa visto que são elas que mantêm o contato com os associados, sendo responsáveis pelo fortalecimento da identidade cooperativa. As assembléias são realizadas com os associados de cada um dos 430 pontos de atendimento.
A Capa Popular Mexicana busca o desenvolvimento local em cada ponto de atendimento ao mesmo tempo que buscam a integração nacional, dando força e competitividade ao todo.
Para gerenciar os riscos à que estão sujeitos qualquer empresa a CPM busca não concentrar créditos ou captação. A liquidez é aplicada em Bancos Comerciais, buscando também a diversificação para reduzir os riscos.
A estrutura de governança da Caja Popular Mexicana é formada da seguinte forma:
3.000 dirigentes, cada um ligado a um dos 430 pontos de atendimento. Estes dirigentes não dão expediente integral e recebem compensação financeira proporcional ao tempo destinado à cooperativa;
Estes dirigentes possuem representação nos 25 Conselhos Administrativos de Praça;
Estes Conselhos Administrativos de Praça são representados no Conselho de Administração da Caja Popular Mexicana;
Nas assembléias locais a participação dos associados gira em torno de 15 a 20% dos associados. A maior participação dos associados dá-se nos pequenos e médios municípios, com reduzida participação nos grandes municípios.
As Assembléias dão-se em 3 instâncias, sendo as 430 AGO´s locais, as 25 AGO´s de Praça e a AGO Nacional. Cada uma destas AGO´s tem alçadas diferentes e tomando como exemplo a distribuição das sobras, as AGO´s locais podem definir a destinação de 1/3 das sobras do seu ponto de atendimento, as AGO´s de Praça definem a destinação de outro 1/3 das sobras e a AGO Nacional define a destinação dos 1/3 remanescentes. Normalmente o 1/3 de responsabilidade das AGO´s locais são destinados para obras sociais e os restantes 2/3 são destinados para reservas.
As deliberações de crédito são realizadas em cada ponto de atendimento, com um comitê de crédito formado por 5 pessoas.
O mexicano Ramón Imperial Zúñiga, 53 anos foi eleito presidente da ACI Américas em 2008. Formado em engenharia industrial Ramón é atualmente Diretor Geral da Caja Popular Mexicana, a maior cooperativa de crédito da América Latina que conta atualmente com cerca de 1,8 milhão de associados.
Segundo Ramón Imperial, “o Brasil é uma referência a todos os demais países da América – é um dos cooperativismos mais representativos do continente. O movimento cooperativista no Brasil tem a vantagem de estar muito bem integrado e representado – tem a OCB (Organização das Coopertivas do Brasil) que permite uma integração nacional muito importante e que lhe dá coesão e representatividade.
Os diferentes ramos, agropecuário, consumo, crédito, entre outros, estão muito bem desenvolvidos e isso lhes dá toda essa fortaleza. Cito como exemplo os ramos crédito – com suas centrais e redes -, agropecuário, trabalho, consumo, esse desenvolvimento setorial é muito importante.
E, repito, há integração que possibilita que haja uma só direção no cooperativismo. Isso é fundamental, porque existem lugares onde, lamentavelmente, por estar desarticulado, o setor de repente propõe coisas distintas ao governo e legisladores, e o próprio segmento freia seu desenvolvimento. No Brasil há coesão setorial e uma frente comum para fazer gestões em diferentes estâncias de governo.”
Ano Internacional do Cooperativismo
Quando questionado sobre o ano de 2012, em que a ONU (Organização das Nações Unidas) instituiu que será o “Ano Internacional do Cooperativismo”, Ramón diz que “é algo muito importante, porque desde que o cooperativismo surgiu é a primeira vez que há um reconhecimento mundial a esse labor que desenvolvem as cooperativas, essa contribuição que o setor dá em busca de uma melhor distribuição de riqueza e no combate à pobreza.
Temos a grande possibilidade em nível mundial de aproveitar esse momento. E já estamos nos preparando, em todos os países, China, Rússia, Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Inglaterra, Argentina, México, Brasil, em todas as regiões estamos organizando atividades. E seguramente 2012 vai ser um ano muito importante para que possamos transmitir à sociedade em geral, e aos governos, esse importante trabalho que o cooperativismo está desenvolvendo.”
Diferencial Competitivo
Sobre o “Ser Cooperativa”, Ramón diz que “a parte essencial que distingue uma cooperativa de qualquer outra empresa é a relação que existe com seus cooperados, que são os proprietários da cooperativa e normalmente são os usuários dos serviços que ela oferece, independente do setor econômico que a atende.
E essa relação de fidelidade é o que nos diferencia, porque permite que o associado receba os benefícios de maneira muito direta, e ele pode participar da organização e administração da própria cooperativa.
Por exemplo, numa cooperativa de crédito, há muita diferença em comparação a um banco, no qual as pessoas são simplesmente clientes – nas cooperativas as pessoas são as donas, participam dos processos de assembléia, dirigem a cooperativa, estão por dentro de seu funcionamento, e isso faz com que se envolvam, que tenham um vínculo e uma relação muito estreita com o funcionamento diário de sua cooperativa. É algo que nos distingue em todos os países.
Existe uma relação muito estreita com o sócio, os princípios cooperativistas que nos regem vão orientados em como definir esta relação, os processos democráticos, participação em assembléias, como aportam capital, como distribuem dividendos, então tudo isso permite fortalecer a relação da instituição com seus próprios associados.”
Márcio Port, Ramón Imperial, Irno Pretto e Raul Colombetti
Durante a XVII Conferência Regional da ACI Américas, realizada em Buenos Aires, o Presidente da ACI Américas, Ramón Imperial, compartilhou com cooperativistas de Nova Petrópolis, de Sunchales, da OCERGS e da OCB, que a ACI Global está empenhada em tornar a cidade de Rochdale na Inglaterra, na Capital Mundial do Cooperativismo.
Segundo Ramón Imperial, “acreditamos que ninguém vá discutir o fato de ser Rochdale a cidade que merece o título de Capital Mundial do Cooperativismo“.
Além desta proposta, a ACI Américas também buscará junto à ACI Global o desenvolvimento do projeto de irmandades cooperativistas proposto pelos municípios de Nova Petrópolis/RS e de Sunchales/ARG e que consiste em estimular que todos os países com expressão cooperativa reconheçam as cidades que são suas capitais nacionais do cooperativismo. Este projeto consta em proposta enviada por ambos os municípios para a ACI Américas e que agora está sendo defendida pelo Sr. Ramón Imperial. A proposta prevê que tal reconhecimento ocorra no ano de 2012, o ano declarado pela ONU como o “Ano das Cooperativas”.
Ainda segundo Ramón Imperial, em havendo sucesso nesta proposta, “estimularemos que a cidade de Rochdale faça seu irmanamento com as precursoras Nova Petrópolis e Sunchales, dando início à uma rede de cooperativas irmanadas.”
A reunião contou com as presenças de Joana Marinho Nogueira (OCB), Irno Augusto Pretto (OCERGS), Márcio Port (Casa Cooperativa de Nova Petrópolis) e Raúl Colombetti (Casa Cooperativa de Sunchales).
A irmandade das cidades de Nova Petrópolis e Sunchales ocorrerá no próximo dia 26/11/2010. Veja os detalhes.
Líderes do Cooperativismo das Américas já está reunido em Buenos Aires para participar da XVII Conferência Regional da ACI Américas.
Veja o vídeo abaixo em que Ramón Imperial, Presidente da ACI Américas, convida os cooperativistas para o evento. Ramón Imperial é também o Presidente da Caja Popular Mexicana (a maior cooperativa de crédito da América Latina).