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  • Cooperativas financeiras registram as primeiras emissões do Real Digital

    Cooperativas financeiras registram as primeiras emissões do Real Digital

    Consórcio formado por Sicoob, Sicredi, Ailos, Cresol e Unicred emitiram tokens do Real Digital no piloto do Banco Central

    Agosto de 2023 – O consórcio formado por cooperativas financeiras para testar o Real Digital (RD), versão tokenizada da moeda soberana brasileira, no âmbito do Banco Central (BC), emitiu os primeiros tokens de Real Digital na última sexta-feira, 4 de agosto. Sicoob, Sicredi, Ailos, Cresol e Unicred, pertencentes ao grupo, simularam a conversão de saldo da reserva bancária e realizaram a transferência do Real Digital entre carteiras das instituições financeiras participantes do consórcio.

    O piloto vem avançando muito bem. “Já temos uma rede com determinados participantes, alguns contratos inteligentes já foram desenvolvidos e disponibilizados pelo Banco Central nesta rede. Conseguimos, agora, realizar com sucesso a emissão e transferência do Real Digital.

    A coalizão de cooperativas financeiras está mobilizada para contribuir com os testes do piloto da versão tokenizada, ajudando a construir o que pode vir a ser o futuro do Sistema Financeiro Nacional (SFN). Vale ressaltar que os sistemas cooperativos estão envolvidos nas mais diversas discussões de inovação do mercado financeiro, entre elas, a tecnologia blockchain: essa experiência dos players foi fundamental para que o BC selecionasse a coalização para participar do piloto, já que a experiência na tecnologia era um dos critérios para a seleção.

    “Estamos muito satisfeitos, porque as cooperativas estão se destacando a cada nova etapa e tendo resultados positivos.”, afirma a nota. Com esses testes nos antecipamos aos prazos estabelecidos no cronograma do Banco Central, os próximos cenários de testes envolvem a emissão de Real tokenizado e a transferência de ativos entre diferentes carteiras. Além das operações envolvendo Títulos Públicos tokenizados.

    “O cooperativismo financeiro se destaca há bastante tempo e sempre figura entre os segmentos mais inovadores do SFN. Foi assim com o Pix e continua sendo no Open Finance e no desenvolvimento do Real Digital”.

    A aprovação do grupo de cooperativas no piloto do Real Digital ocorreu em maio, quando o Banco Central anunciou os participantes nos testes da moeda. Mais de 100 instituições, de diversos segmentos financeiros, apresentaram proposta para adentar no seleto grupo, mas apenas 16 foram aprovadas, dentre elas, o consórcio das cooperativas. Por parte delas, o “nó” – que identifica cada participante conhecido de uma rede em tecnologia blockchain na rede da nova moeda digital – foi desenvolvido em julho.

  • Sistema Financeiro Cooperativo inicia testes do Real Digital

    Sistema Financeiro Cooperativo inicia testes do Real Digital

    SFCoop obteve êxito na implantação de seu nó na rede da nova moeda digital brasileira

    O Sistema Financeiro Cooperativo (SFCoop), consórcio participante da iniciativa piloto para a criação do Real Digital pelo Banco Central do Brasil (Bacen) e composto pelas instituições financeiras cooperativas Ailos, Cresol, Sicoob, Sicredi e Unicred, anuncia um marco importante na trajetória rumo à inovação financeira.

    Após um trabalho conjunto dos sistemas cooperativos, o SFCoop obteve êxito na implantação de seu nó na rede do Real Digital, demonstrando sua capacidade de acompanhar as tendências da nova economia digital. Os nós identificam cada participante conhecido de uma rede em tecnologia blockchain.

    A conquista bem-sucedida da implantação do nó do Real Digital demonstra o alto nível de colaboração, cooperação e expertise técnica presente no SFCoop. A união das forças das instituições possibilitou a superação de desafios complexos, consolidando-as como referência no segmento cooperativista e financeiro do país.

    Com esse importante passo, o SFCoop está agora habilitado a iniciar a fase de testes do Real Digital, conduzido pelo Bacen, e continuar avaliando os benefícios e oportunidades que a nova tecnologia pode representar para o cooperativismo financeiro.

  • Real digital busca aumentar a competitividade entre as instituições e promover a inclusão financeira

    Real digital busca aumentar a competitividade entre as instituições e promover a inclusão financeira

    O mercado está em constante mudança. A cada dia, estamos ainda mais dependentes de ferramentas digitais. Quando o assunto é nossa vida financeira, tal realidade não é diferente. Segundo o Banco Central, apenas 3% de todo o dinheiro disponível no país circula em papel moeda. Do volume total que circula no país, quase R$9 trilhões são negociados de forma totalmente digital, diariamente.

    Com uma agenda que busca modernizar o sistema financeiro e deixá-lo mais inclusivo, o BC atualmente desenvolve a sua própria moeda digital. Previsto para ser lançado de forma definitiva até 2024, o Real Digital deve ajudar a população em diversos aspectos. Mas afinal, quais são as suas características?

    Uma nova realidade

    Apesar de já realizarmos nossas transações de forma digital, a nova moeda não se trata do dinheiro digital que consultamos em nossos aplicativos. A moeda digital é uma nova modalidade que vem se popularizando no mundo todo. Saindo na frente, as Bahamas foram o primeiro país a lançar a sua própria, em outubro de 2020. Após isso, países como Estados Unidos e China seguiram pelo mesmo caminho, criando suas próprias moedas digitais.

    As moedas digitais tampouco se encaixam na categoria de criptomoeda. Enquanto as criptomoedas tem o seu valor regido pela oferta e demanda, com alta volatilidade; as moedas digitais emitidas por órgãos federais são um ativo atrelado à política monetária de cada país, estando sujeito a variáveis como o mercado internacional e a inflação interna.

    Marcio Nami, economista comportamental

    “A moeda digital, ou CBDC (Central Bank Digital Currency), como o próprio nome já diz, é a moeda digital do Banco Central, e suas variações são consoantes às políticas monetárias e econômicas, que impactam no meio digital da mesma forma que no mercado monetário tradicional”, explica o Economista Comportamental, Marcio Nami.

    Ao contrário dos valores que consultamos em nossos bancos, o Real Digital não poderá ser convertido em cédulas, uma vez que a nova moeda terá códigos gerados pelo próprio BC. Com esse sistema, será possível realizar atividades cotidianas, assim como na moeda atual. Ou seja, o consumidor poderá realizar compras, pagamentos, investimentos e outros.

    Inclusão financeira

    Uma das principais vantagens do Real Digital será a inclusão da população desbancarizada, que em 2021 somava 34 milhões de pessoas, segundo o Instituto Locomotiva. Com a nova moeda, caminhos serão encurtados, e o poder sobre o dinheiro estará, ainda mais, nas mãos de cada indivíduo. Para Nami, tal característica é fundamental para que o atual cenário seja modificado, com mais pessoas entrando no moderno sistema que o Brasil já possui.

    “Os meios digitais atuais dependem diretamente do acesso a uma instituição financeira ou operadora. A moeda digital tem potencial de ser um fim em si mesma, garantindo ao usuário sua carteira digital sem, eventualmente, a necessidade de intermediação, o que aumenta em muito a capilaridade e acesso”, explica.

    Neste contexto, o Real Digital possibilitará uma grande mudança no cenário econômico brasileiro. Com mais pessoas dentro do sistema, a circulação de valores será ainda maior e mais prática, para as pessoas e para as instituições. Além disso, outro elemento traz uma nova camada para o Real Digital: a segurança.

    “A tecnologia possibilita o acesso e potencialmente qualquer pessoa que possua a interface digital para sua utilização, o que elimina a necessidade de instituições para mediar e ou intermediar as trocas de valores. O usuário utilizará o dinheiro digital da mesma forma que o dinheiro físico, porém com muito mais praticidade e segurança”, ressalta. Com menos processos em cada transação, fraudes e golpes devem diminuir, uma vez que o dinheiro chegará ao seu destino de forma mais rápida.

    Além disso, o Real Digital facilitará o uso da moeda nacional fora do Brasil. Neste modelo, a já comum conversão da moeda por meio dos bancos não será necessária. O projeto ainda deve ajudar no combate à lavagem de dinheiro, e ainda, deve estimular o desenvolvimento da economia em nosso país.

    Projeto em andamento

    Em desenvolvimento desde 2020, a moeda digital brasileira está em fase de estudos, e deve ganhar um projeto-piloto ainda neste ano. Para isso, o órgão máximo da economia brasileira firmou uma parceria com a Federação Nacional de Associações dos Servidores do Banco Central (Fenasbac), na busca por projetos que comprovem a aplicação efetiva da nova moeda.

    Intitulado Lift Challenge Real Digital, o programa recebeu 47 projetos, dos quais 9 foram selecionados. Rodrigoh Henriques, Líder de Inovações Financeiras da Fenasbac e Coordenador do Lift Lab, explica que o desafio lançado ao mercado buscou trazer para o desenvolvimento da moeda os melhores players e projetos com aplicações reais.

    “O objetivo é identificar empresas maduras do mercado financeiro, com capacidade de implementar sistemas de alta complexidade e interessadas em desenvolver um Produto Minimamente Viável (MVP) para casos de uso do Real Digital, que possa beneficiar o Sistema Financeiro Nacional”, afirma.

    Segundo ele, a seleção dos projetos buscou um equilíbrio entre a diversidade do portfólio de propostas apresentadas para o laboratório e a necessidade de acompanhamento detalhado dos projetos escolhidos. Diante disso, foram selecionadas propostas que mostram a aplicação do Real Digital em diversos contextos.

    “A escolha ficou para projetos que abordam o DvP, voltado à liquidação de transações com ativos digitais e físicos tokenizados (como carros e imóveis), PvP voltado ao envio de valores com câmbio de moedas (remittance), uso de internet das coisas (IOT) para liquidação algorítmica ou diretamente entre máquinas e DeFi, finanças descentralizadas com o objetivo de definir protocolos com liquidação baseada em CBDC e com vistas a requisitos de compliance e supervisão estabelecidos em norma”, nos explica.

    Dentro do estudo, a real possibilidade de aplicação dos projetos foi um dos principais fatores, assim como os processos e custos envolvidos no processo.

    Resolução de problemas

    Diante de tantas ferramentas que temos à nossa disposição nos dias atuais, o seguinte questionamento pode surgir: por que é necessária a criação de uma moeda digital? Afinal, a desbancarização aos poucos vem sendo diminuída com a presença de startups e cooperativas financeiras. Mas quais problemas ainda precisam ser sanados?

    Para Henriques, o Real Digital vem justamente para solucionar problemas que até mesmo o mercado ainda não identificou. Neste quesito, espera-se que o próprio Lift Challenge identifique possíveis barreiras que venham a surgir futuramente. “Um Real Digital precisa resolver problemas que não foram resolvidos pelo SPB, pelo Pix e nem pelo Open Banking. Pensar em casos de uso reais, implementá-los em 4 meses e mostrar como eles melhoram a vida do cidadão brasileiro é o grande desafio”, salienta.

    Oportunidade para as cooperativas

    No cenário que se abre, a chegada do Real Digital deve intensificar ainda mais a disputa pela atenção do cliente. Em um contexto onde já temos bancos tradicionais e digitais, instituições de pagamentos, startups e cooperativas de crédito, a competitividade deve ser a palavra que melhor descreverá o futuro da economia no Brasil.

    Para Marcio Nami, mesmo com tanta competitividade, o cooperativismo de crédito terá no Real Digital a possibilidade de protagonizar um momento de maior inclusão. Enquanto as grandes instituições devem ver principalmente a redução de custos de transação e incremento na agilidade das mesmas, nas cooperativas o Real Digital terá um outro papel.

    “Em particular para as cooperativas de crédito, sociedades de pessoas, que já tem em sua bandeira e DNA a Inclusão Financeira, será um aliado muito importante de formação de consciência, educação e acesso financeiro. Com potencial de garantir o êxito das cooperativas principalmente no princípio cooperativista INTERESSE PELA COMUNIDADE, garantindo assim sua inclusão e maior inserção no mercado financeiro”, reitera.

    Novas perspectivas

    Os impactos efetivos da aplicação do Real Digital ainda são uma teoria. Mesmo com projetos em andamento, a nova modalidade da moeda brasileira tem um longo caminho pela frente, até de fato entrar no cotidiano da população.

    Contudo, especialistas indicam que as perspectivas são as melhores. Para Henriques, o estímulo ao diálogo é um dos principais ganhos no processo de desenvolvimento da moeda no Lift Lab, e deve fomentar novas ideias nos próximos meses. “O portfólio de propostas se alinha às diretrizes do Real Digital e às ações da Agenda BC#. Os projetos permitem discussões relevantes para compreender melhor os casos de uso com o objetivo de implementar a moeda digital brasileira de forma a agregar funcionalidades aos sistemas de pagamento e liquidação, gerando benefícios para toda a sociedade”, declara.

    Porém, analisando toda a trajetória que o Real Digital já possui, é consenso que o principal legado que a nova modalidade deixará, será a inclusão financeira. Para Nami, tal movimento trará benefícios incalculáveis. “Assim quando conseguimos incluir mais e mais pessoas no sistema financeiro, a velocidade de circulação do dinheiro e o aumento natural das transações, tem o potencial de gerar benefícios de forma exponencial, o que não garante, mas sinaliza, um potencial maior de inclusão e geração de renda e riquezas”, finaliza.

    Sejam quais for os próximos passos, fica claro que caminhamos para um mercado mais convidativo e menos excludente. Diante disso, os ganhos não serão apenas individuais, mas para todos. Para uma economia e uma sociedade financeiramente forte, isso é essencial.

    Por Leonardo César – Matéria publicada na revista MundoCoop, edição 105

    Fonte: mundocoop.com.br